Estou lendo um livro interessante chamado “Eu, primata!” de Frans de Wall, o livro aborda os aspectos do comportamento primitivo de algumas espécies de chipanzés e dos bonobos em comparação ao comportamento humano. Muito interessante avaliar que durante séculos, os primatas foram vistos como animais com instintos violentos, dominadores, onde o macho dominava as fêmeas e o sexo era ferramenta de poder, dominio e submissão.
Então a partir da década de 20 foi descoberta uma nova raça de “macacos” que se diferenciavam dos chipanzés por sua estrutura mais baixa, menos robustos e com corpo alongado, lembrando inclusive as caracteristicas fisicas de um intelectual. Após observar durante anos esta espécie, Frans de Waal, pesquisador e autor do livro, observou que os bonobos são seres extremamentes sexualizados, pacifistas e buscam resolver seus conflitos gerais através do sexo. Ele narra um episódio que ocorreu há muitos anos atrás onde um suposto chipanzé acompanhava a doença terminal de seu companheiro. E durante o episódio o chipanzé demonstrava sofrimento, empatia e auxilio. Quando o companheiro faleceu o suposto chipanzé demonstrou muito sofrimento. E anos mais tarde quando o mesmo veio a falecer, após biópsia no cerebro do animal descobriram que se tratava de um bonobo. Os bonobos são capazes de demonstrar empatia em relação ao outro, caracteristica até então considerada própria de apenas uma raça: os seres humanos!
Mas onde quero chegar com tais informações? Simplesmente ao fato de que muitas pessoas ainda hoje, vêem os seres humanos como seres muito próximos deste animais e alegam que o homem é um ser agressivo e dominador por natureza. E que suas atitudes benevelontes são geralmente dissimulações. Só que com estas atuais descobertas, percebemos que sim, o homem possui uma natureza agressiva e dominadora como os chipanzés, mas ele também possui uma empatia e benevolência assim como os bonobos.
Quando o ser humano pratica um ato de crueldade, a primeira coisa a se ouvir é que ele não é humano, só pode ser um animal. Quando ele pratica um ato de bondade ouvimos o oposto, que ele é muito “humano”. A natureza está aí para ser superada, mas até que ponto? até que ponto negar nossa natureza nos transforma em seres melhores? afinal, ser humano também é ser parte da natureza. E não adianta negar nossos instintos e nem tomar remedinho pra fingir que eles não estão ali. Cabe a todos nós a tarefa de sermos menos máquinas e mais instinto, menos racionais e mais intuitivos. Afinal, a natureza sempre cobra seu preço!!!